"Um olho em Bruxelas e outro em Oslo. No quarto dia da cimeira do clima, as delegações reunidas em Copenhaga estiveram pendentes do Conselho Europeu e do prémio Nobel da Paz entregue ontem ao presidente dos Estados Unidos.
O G-77, um grupo que representa 132 países em desenvolvimento, aproveitou a presença de Barack Obama na vizinha Noruega para lançar um desafio: "Pedimos aos EUA que se una ao Protocolo de Quioto e assuma compromissos comparáveis aos dos países do Anexo 1 [países industrializados]", disse em conferência de imprensa o sudanês Lumumba Di-Aping, que preside ao G-77.
Fonte da delegação brasileira (membro do G-77) contactada pelo i recorda que "os EUA oferecem reduções infinitamente inferiores às pactuadas em Quioto". Por isso mesmo, diz, "a Europa está a tentar desesperadamente matar Quioto" para iniciar uma nova fase em condições semelhantes às dos EUA, que até agora só se comprometeram a reduzir 4% das emissões em relação a 2020.
A Europa oferece um corte de 20% ampliável a 30%. Ontem, no Conselho Europeu - que vai decidir o montante da ajuda imediata para combater as alterações climáticas entre 2010 e 2012 (sete mil milhões de euros por ano) -, o primeiro-ministro português, José Sócrates, disse estar "muito disponível" para ir além do prometido.
"É positivo que a Europa queira reduzir as emissões, mas o que importa mesmo é a segunda fase de Quioto", garante a fonte. O primeiro período dura quatro anos e expira em 2012, mas ainda não foi decidida a duração da segunda fase, que nem sequer está garantida. O roteiro estabelecido em Bali há dois anos tenta corrigir as indefinições de Quioto. E consolidar um novo acordo no âmbito da Convenção das Nações Unidas que inclua os países que não assinaram Quioto.
Ontem, o principal negociador da ONU em Copenhaga, Yvo de Boer, admitiu que está a negociar a extensão de Quioto e a definição de um tratado que só "entraria em vigor quando fosse ratificado por um número de países" considerável. De Boer reclamou decisões que possibilitem a "acção imediata". E enumerou três objectivos que espera alcançar na cimeira: definição de um mecanismo financeiro, criação de um quadro tecnológico e aprovação de um programa de adaptação às alterações climáticas.
"Quioto tem dois problemas", reconhece o diplomata brasileiro. "O primeiro é que os EUA não estão lá. O segundo é que as grandes economias emergentes (China, Índia e Brasil) não têm quaisquer obrigações porque em 1990 ainda não eram grandes poluidores. De momento, o ideal será manter as duas pistas de negociação", conclui."
Concordo plenamente, e vosotros?
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